Mães que esperam milagres

Uma mãe que recebe um diagnóstico de saúde mental do filho é uma mãe “em suspensão"

Você já imaginou ou se colocou no lugar de uma mãe que acabou de receber o diagnóstico de um filho com um “rótulo” de um transtorno mental? Falar em negação ou atitude positiva neste primeiro momento é reduzir essa complexidade a muito pouco. Menos julgamento, mais empatia e mais escuta. É como você pode ajudar nesse primeiro momento

Era uma vez um tipo de mãe que um dia acordou, se olhou no espelho e falou: Só mais um dia! Hoje é segunda. Sou forte. O que eu não resolver, fica para depois de amanhã.

Na terça, como ela tem uma filha que o neuropediatra diagnosticou na sexta-feira como tendo Altas Habilidades e TDAH, além de ter receitado um remédio que ela fingiu ter entendido tudo sobre os prós e contras, ela se prometeu parar quando chegasse do trabalho e ler todos os artigos científicos e pseudocientíficos a seu alcance, para tomar uma decisão.

Ela está sozinha, então ela não tem com quem trocar ideias sobre isso, embora suas amigas mais chegadas até tenham lhe ligado e perguntado como tinha sido a consulta com o médico novo, ao que ela respondeu: Deu tudo certo. Ele falou que não é nada não. É da idade. Cada um tem seu tempo!

Mentiu descaradamente, com uma enorme culpa, mas no fim, ninguém tem nada a ver com a vida dela. "Quem não pode ajudar, que pelo menos não atrapalhe": ela disse. Num misto de mágoa e tristeza que no momento ela não soube identificar o que era.

Passou a terça-feira e, à noite, como ela chegou cansada do trabalho, não procurou texto científico nenhum. Passou uma meia-hora no tik-tok vendo uns vídeos "sem pé nem cabeça", riu um pouco, comprou uma meia-calça roxa pela internet (meu Deus!!!! porque fiz isso! Odeio roxo) e no último minuto do dia, já na cama pensou que era até uma ótima mãe, já que o neuropediatra lhe tinha dito que, por ela estar ali procurando uma resposta, quando muitas outras mães simplesmente fechavam os olhos e seguiam suas vidas e fugas, ela era uma "guerreira".

Na quarta-feira, logo após o almoço, recebeu mais um "bilhetinho digital amoroso" da coordenadora pedagógica, avisando que precisava falar com ela. Vida que segue... Marcou para a próxima semana. Precisava de um tempo para processar melhor as novidades que não saiam da sua cabeça sobre o que o médico lhe havia dito: "X % das meninas na adolescência melhoram, Y % das mães de crianças com TDAH têm depressão e etc.etc.etc.", mas ela foi dormir com uma sensação estranha e uma ausência gigante de resposta a uma pergunta: será que só eu passo por isso no meu círculo de conhecimento? Será que não tem ninguém sensato/a para me dar uma luz, para que depois então eu decida o que fazer? 😢

Na quinta-feira, logo depois do colégio, combinou de pegar sua filha e ir àquela lanchonete que ela adora, para conversarem, se distraírem, como qualquer família "normal", mas o programa foi um caos. Mau-humor, sua filha não parava quieta na cadeira, derrubou a comida toda na mesa e para completar, ainda ficou sabendo que a menina tinha brigado aos tapas com a filha de uma de suas melhores amigas...

Ufa... Sexta-feira! A semana chegou ao fim. Ficou em casa mesmo, assistiu a um filme, pensou no fim de semana que chegava e, mais uma vez, algo lhe dizia: já estou cansada do fim de semana também! E foi dormir com a absoluta certeza de que aquelas perguntas suas restariam sem respostas.

Ocorre que, se a gente pudesse trocar só umas palavrinhas com esta mãe, a gente poderia transformar a sua vida. A gente poderia lhe mostrar que essa sensação de absoluta solidão é uma ilusão.

Primeiro, a gente iria lhe mostrar que ela não está sozinha. Existem milhares de mães em nosso país que estão passando pelo mesmo momento que ela.... A mesma questão do diagnóstico, do "porque eu", o "o que eu faço?", "vou dar drogas para minha filha?". 💞

Em seguida, a gente ia lhe chamar para ter uma vivência de um dia em um de nossos Grupos de Apoio Emocional Mútuo Digital com mães de jornadas similares, de origens, raças, idades diferentes, de todo o Brasil, todas tão diferentes, como afinal somos todas nós mulheres, mas mães que estão ali, não para lhe trazer mais informação desconectada, lhe julgar ou mandar que aja nesse ou naquele sentido, mas para compartilhar, ter um diálogo construtivo, dentro de uma dinâmica própria, que não é conversa vazia e se autoajudarem nas fraquezas e nas vitórias. 💝

Então se você é essa mãe, ou é amiga de uma mãe que acha que deveria receber essa mensagem, fique à vontade de lhe repassar, bem como nossos contatos, porque é essa mãe que queremos na próxima semana conosco em nossas reuniões.

O futuro agradece!!

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